Confira o relato do jornalista do CORREIO que estava no Voo 991 da American Airlines
Uma turbulência muito forte seguida da parada dos motores do avião em pleno voo. Não havia dúvidas, o voo 991 da American Airlines, que saiu de Miami com destino a Belo Horizonte, estava prestes a cair. Por alguns segundos, foi este o trágico cenário que me ocorreu quando fui acordado pelo pouso de emergência no aeroporto de San Juan, capital de Porto Rico. Só me dei conta do que acontecia quando vi as luzes dos carros de emergência à beira da pista. Leia a reportagem Voo da American Airlines lotado de brasileiros faz pouso de emergência.
Ainda me refazendo do maior susto passado dentro de um avião, comecei, junto aos demais passageiros, especular o que havia acontecido. Porque o comandante não avisou sobre o pouso para que nos preparassemos minutos antes? Porém, fiquei sabendo depois, que a tripulação pediu para que os cintos fossem afivelados porque passaríamos por uma área de turbulência, nada mais. Tanto que uma passageira ao meu lado pousou como estava, deitada em sono profundo e sem cinto.
Visivelmente assustados, continuamos teorizando sobre o que estava acontecendo. A hipótese mais cogitada era a de problemas mecânicos. A maioria dos aviões da American Airlines que voam para o Brasil é bem antiga. Foi quando um dos passageiros levantou a suspeita que se confirmaria mais tarde. A de que poderia ser um problema com um dos passageiros. Um problema de agressão talvez, disse. Neste momento o avião havia estacionado e três policiais, acompanhados de uma comissária de bordo, caminharam até a poltrona 30 H, ocupado por um homem alto, gordo, de cabelos curtos, camisa preta e óculos de grau. O mesmo que no início da viagem tinha chamado a minha atenteção por uma aparente irreverência ao oferecer chicletes a quem estava por perto: “quer um tira bafo”, repetia em alto e bom som.
O tal homem, entre 40 e 50 anos aparentemente, seguiria chamando a atenção até o pouso de emergência em Porto Rico. Segundo relato de duas jovens passageiras, ele foi inconveniente antes mesmo da decolagem pedindo para que elas solicitassem à comissária uma cerveja. Ao ponto das jovens trocarem de lugar indo para os fundos da aeronave.
A inconveniência do homem, um brasileiro que disse às moças morar em Orlando (Flórida), se transformaria em agressividade. Depois de insistir no contato indesejado com as duas jovens brasileiras e fazer gracejos para uma das aeromoças, o homem agrediu fisicamente um dos comissários torcendo-lhe o dedo. A atitude, tomada depois de ser advertido de que poderia ser preso se insistisse com aquele comportamento, teria motivado a decisão de fazer um pouso de emergência e retirar o passageiro do avião sob escolta policial. Às 3h da manhã parados na pista de San Juan dentro da aeronave, tempo suficiene para registrar a história no meu iPad, seguimos para Belo Horizonte. Sem, não claro, o indesejável passageiro que ficou preso em Porto Rico e de quem não tive mais notícias. O inesquecível voo 991 da American Airlines, que deveria pousar na capital mineira às 8h da manhã deste domingo, aterrisou sem mais atropelos às 12h30. Além do susto, perdi minha conexão para Uberlândia, e, por consequência, o almoço de domingo com a família e o jogo do Galo pelo Brasileirão.
===================================================================================O voo 991 da American Airlines que partiu pouco depois da meia noite deste domingo de Miami com destino a Belo Horizonte fez um pouso de emergência em San Juan, capital de Porto Rico, por volta das três da manhã, horário de Brasília. A interrupção na viagem, com menos de três horas de voo, foi motivada pelo comportamento agressivo do passageiro que ocupava a poltrona 30H.
O homem, aparentando ter entre 40 e 50 anos, chegou a agredir fisicamente um dos comissários de bordo. Os problemas, no entanto, começaram antes mesmo da decolagem em Miami com o passageiro, ainda não identificado, importunando duas jovens passageiras que chegaram a mudar os assentos para evitar o contato.
Após a decolagem, o homem, de cabelos curtos usando camisa preta e óculos de grau, continuou insistindo no contato com as mãos e passou a importunar membros da tripulação que o alertaram sobre a inconveniência do comportamento a bordo. Um dos comissários o teria advertido de que ele poderia ser preso caso não mudasse a atitude. Neste momento, o homem teria agredido fisicamente o comissário torcendo-lhe o dedo.
Minutos depois, o comandante da aeronave pediu para que os cintos fossem afivelados em função de uma área de turbulência. Em seguida, os passageiros foram surpreendidos com o pouso em San Juan. Na pista, o avião era aguardado por veículos de resgate o que levou parte dos passageiros a suspeitar de uma pane na aeronave.
As suspeitas de problemas mecânicos só foram descartadas depois que três agentes da polícia federal portorriquenha entraram no avião e prenderam o suspeito. Ao ser informado pelo agente que teria de desembarcar e que aquilo não se tratava de uma brincadeira, o homem se levantou sem oferecer resistência, pegou a bagagem de mão, e acompanhou os agentes para fora do avião. Só então o comandante informou pelo sistema de som que a operação foi motivada pela confusão gerada pelo passageiro.
Todos os demais passageiros permaneceram dentro do avião enquanto membros do FBI (a polícia federal americana) tomavam os depoimentos do suspeito e da tripulação nas dependências do aeroporto. O procedimento durou cerca de três horas. O voo 991 retomou a viagem às seis da manhã deste domingo e pousou em Belo Horizonte por volta da 12h30, mais de cinco horas de atraso.
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