Livro revela conversas entre pilotos do avião da Air France que caiu em 2009
13 | 10 | 2011 17.42H
O livro “Erros de Pilotagem, Volume 5” revela novos trechos das conversas dos pilotos do Airbus da Air France que caiu ao largo do Brasil, em Maio de 2009, mas a obra já está a ser condenada pelos investigadores franceses e pela companhia aérea.
A obra, escrita por Jean-Pierre Otelli, um especialista em aviação, foi hoje lançada em França.
O autor relata as conversas, algumas de caráter privado, entre os pilotos e que nunca tinham sido tornadas públicas.
O livro relata duas horas de conversas contidas na caixa negra que registou os sons do voo.
A outra caixa negra do aparelho registou todos os parâmetros do aparelho nas últimas duas horas do voo.
As conversas relatadas no livro mostram o estado de incompreensão dos pilotos e a confusão que reinou no cockpit pouco antes do acidente, nomeadamente no último minuto de voo.
Até ao momento, apenas alguns trechos foram tornados públicos pelo Escritório de Investigação e Análise (BEA), instituição que tem a seu cargo as investigações sobre o acidente.
O BEA, em comunicado hoje divulgado, "condena veementemente a divulgação desta transcrição, que é uma violação do artigo 14 da regulamentação europeia", lembrando que "a investigação ainda não terminou.”
Contactada pela France Presse, a Air France expressou hoje, através de seu porta-voz, “sua emoção e total reprovação” em relação ao livro, que “constitui uma violação manifesta do segredo de justiça” e “atenta gravemente contra a memória dos tripulantes e dos passageiros.”
Entretanto, “a companhia aérea interroga-se sobre as razões que levaram a esta publicação e solicita às autoridades encarregadas que esclareçam as origens dessas novas fugas de informações perturbadoras”, acrescentou o porta-voz.
A Air France gostaria de saber como o escritor conseguiu ter acesso as informações analisadas pelo BEA, disse uma fonte da empresa.
O voo AF 447 da Air France (Airbus A330), que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris, sobrevoava o Oceano Atlântico quando desapareceu dos radares na noite de 31 de maio de 2009 com 228 pessoas a bordo.
Cento e cinquenta e quatro corpos foram encontrados entre os destroços do avião e retirados do mar, após o acidente, em missões de resgate. Entre as vítimas de 32 nacionalidades, estão 59 brasileiros e 72 franceses.
As duas caixas negras, que registaram os parâmetros do voo e as conversas na cabine dos pilotos, foram resgatadas do fundo do mar no início de maio, após passarem 23 meses a 3,9 mil metros de profundidade no Oceano Atlântico.
A Air France e a Airbus foram indiciadas por homicídio involuntário.
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