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Especialistas poloneses conseguiram decifrar trechos até agora ininteligíveis das conversas na cabine do avião que trazia o presidente da Polônia, Lech Kaczyinsky, que caiu em 10 de abril na Rússia. O anuncio foi feito nesta quarta-feira (14/07/2010) pelo ministro da Justiça, Krzysztof Kwiatkowski.
O ministro não quis, no entanto, comentar uma informação do canal de televisão privado TVN24, segundo a qual o primeiro piloto do avião teria dito nos últimos instantes do voo: "se não aterrissar, vão me matar".
O Tupolev 154, que transportava o presidente Kaczynski e sua esposa, assim como altos dirigentes políticos e militares poloneses, caiu ao tentar pousar em meio a uma espessa neblina perto de Smolensk (oeste da Rússia), matando seus 96 ocupantes.
A transcrição das conversações, procedentes de uma das caixas pretas do aparelho transmitida pela Rússia à Polônia, pareceu confirmar que os pilotos haviam ignorado várias advertências.
Quando faltavam 16 minutos para o impacto em terra, os controladores da torre do aeroporto de Smolensk transmitiram que as condições não permitiam a aterrissagem.
"Obrigado, nós tentaremos aterrissar se for possível, mas se a meteorologia for ruim, nos retiraremos para uma segunda volta", teria respondido o primeiro piloto, Arkadiusz Protasiuk.
Segundo a transcrição publicada no site do ministério do Interior polonês, com inúmeras passagens marcadas como "incompreensível", o chefe da Força Aérea, o general Andrzej Blasik, se encontrava na cabine dois minutos antes do acidente, mas nada faz supor que tenha exercido uma pressão direta sobre os pilotos.
A delegação polonesa iria para as cerimônias pelo 70º aniversário do massacre de milhares de oficiais poloneses em Katyn pela polícia da antiga União Soviética, em 1940.
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publicado em 14/07/2010 às 12h30:
O político conservador polonês Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do ex-presidente da Polônia Lech Kaczynski, que morreu em um acidente de avião, se negou a receber os pêsames do primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin. Ele contou o episódio uma entrevista publicada nesta quarta-feira (14) no jornal de direita Gazeta.
- Nosso embaixador me perguntou se devia aceitar as condolências por parte de Putin. Eu me neguei.
Poucas horas depois do acidente ocorrido em Smolensk, em 10 de abril, Jaroslaw Kaczynski viajou para a localidade do oeste da Rússia para identificar o corpo do irmão. Também estavam no local Putin e o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk.
- A meu ver, nem um nem o outro deram à visita do presidente Lech Kaczynski o respeito e a dedicação requeridas.
No acidente como Tupolev 154 morreram 96 pessoas, entre elas o presidente Kaczynski e sua mulher, que viajava para participar nas cerimônias do 70o. aniversário da matança de milhares de oficiais poloneses pela polícia política de Stalin em Katyn.
Jaroslaw Kaczynski foi derrotado este mês na eleição para suceder o irmão pelo liberal Bronislaw Komorowski, um aliado de Tusk.
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10 Abril 2010 - 14h37A cerimônia da última quinta-feira (8) marcou uma histórica mudança no tratamento que a Rússia dava ao fato histórico, mas o presidente polonês, Lech Kazcynski, decidiu não comparecer ao evento conjunto e fazer outro, com oficiais do país, neste sábado (10).
Quando ia para Katyn, o avião em que embarcou o presidente polonês caiu na cidade de Smolensk, perto dali. O local voltou às manchetes dos jornais como símbolo de uma tragédia, na qual, ironicamente, a Polônia perdeu mais uma vez sua elite.
Dessa vez, não foi fruto de um massacre, mas de um acidente, que provocou a morte de do presidente e mais 88 autoridades.
No total, 97 pessoas morreram, segundo autoridades governamentais da Rússia. Inicialmente, o número divulgado foi de 96 vítimas.
De qualquer forma, Katyn volta a ter um significado macabro para os poloneses. As mensagens nos jornais Gazeta Wyborcza e Dziennik não deixam dúvida: Katyn "é um lugar maldito".
O ex-presidente Aleksander Kwasniewski (1995-2005) afirmou isso sobre a região, de acordo com o jornal Gazeta Wyborcza.
Nas redes sociais, a mesma qualificação é dada para o lugar. A polonesa Katarzyna Pilipiuk, que mora em São Paulo, concorda:
- É claro que este lugar é muito importante na história da Polônia. Lá, os comunistas mataram a elite das tropas polonesas, cientistas, professores. A Polônia sempre lutou para que a Rússia admitisse que isso era um genocídio. Este ano foi a primeira vez que a Rússia participou das homenagens. As pessoas que estavam dentro do avião eram a nata da nata da política polonesa. Principalmente, acho que ocorreu uma perda significativa para a esquerda. Haviam duas mulheres do movimento feminista muito importantes lá. A mulher do presidente [Maria], por exemplo, era uma pessoa muito para a frente, ao contrário do marido. Ele era da direita, já ela era muito feminista, ligada aos ecologistas.
Entenda o massacre
Em abril de 1940, uma região de mata de Katyn, conhecida como Floresta da Morte, foi o local do massacre de cerca de 22 mil poloneses. A Polônia, então, dividida entre alemães e russos conforme o Pacto de Não Agressão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), deixou de existir.
Como forma de subjugar o país e minar a resistência, o ditador Josef Stalin ordenou a prisão da elite militar polonesa, além de professores universitários, intelectuais de destaque, médicos, jornalistas, padres, empresários eoutros.
Para ocultar melhor a autoria do crime, o massacre utilizou as primeiras técnicas de assassinato implementadas pelos nazistas, com um tiro na nuca e o enterro em valas comuns.
Alemães e soviéticos continuaram trocando acusações, mesmo com o fim da guerra e o restabelecimento da Polônia. O assunto foi o tema do filme Katyn, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008, obra de Andzrej Wajda.
O cineasta polonês retratou com beleza e precisão o mistério e a sombra pertubadora do massacre. Wajda tinha uma motivação pessoal para fazer o filme, já que seu pai foi assassinado no local.
A União Soviética teve períodos de perseguição e afrouxamento com aqueles que buscavam saber o que exatamente ocorreu na floresta, mas não reconhecia a autoria do crime.
Foi apenas em 1990, já caminhando para seu fim, que a União Soviética reconheceu a ordem de Stalin e a ocultação do massacre. E, na última quinta-feira (8) houve a presença pela primeira vez dos chefes de governo da Rússia e da Polônia em uma cerimônia conjunta.
Hoje, haveria uma cerimônia maior, apenas com os poloneses. Infelizmente, Katyn entra outra vez para a história da Polônia como um lugar de tragédia.
OBS:Veja na foto n°1 a os destroços da aeronave no local da queda[Autor da foto:r7.com].