quinta-feira, 23 de abril de 2015

Passageiros Abandonam Avião Da Air Macau Em Banguecoque

Um avião A321 da Air Macau que na terça-feira, dia 21 de Abril, fazia o voo NX885 entre o Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi, na cidade de Banguecoque, capital da Tailândia, e o Aeroporto Internacional de Macau, foi obrigado a retornar ao aeroporto de partida, uma hora depois de ter levantado voo devido a uma avaria num motor.
Depois de uma espera de cerca de duas horas dentro do avião, em que apenas uma comissária de bordo falou particularmente aos passageiros que “estavam à espera que as condições meteorológicas melhorassem” o comandante anunciou que o avião iria seguir para a pista para descolar dentro de dois minutos. Nesta ocasião os passageiros desconfiaram das condições técnicas operacionais da aeronave e recusaram-se a seguir viagem. Depois de um breve tumulto a bordo, levantaram-se e encaminharam-se para fora do aparelho.
A imprensa tailandesa destaca nas notícias online que a tripulação da Air Macau e os responsáveis da companhia actuaram muito mal, pois não esclareceram os passageiros, nem tão pouco lhes disseram o que estava a acontecer.
Mais tarde, em declarações ao canal televisivo tailandês ‘Channel 3’ o supervisor da Air Macau no Aeroporto de Banguecoque, Ekkachai Veerawat, admitiu que o avião tinha um problema num dos motores e que seria reparado, tendo os passageiros sido enviados para um hotel onde aguardam a retoma do voo. O que não coincide com o aviso do comandante de que o avião iria descolar dentro de dois minutos, feita antes do tumulto a bordo. Um tumulto que não foi além de protestos mais exacerbados e estridentes por parte de alguns passageiros, ao contrário do “ambiente de caos a bordo” que chegou a ser apontado por alguns canais de rádio da cidade.
A bordo do A321, matrícula B-MAG, estavam 175 passageiros, a maioria chineses. Segundo a imprensa tailandesa estariam no avião 36 tailandeses, que tomaram a iniciativa de sugerir o abandono do avião, pois durante os cerca de 60 minutos em que esteve a voar, fez um percurso a baixa altitude, com constantes abanões e ruídos esquisitos num dos motores, que segundo alguns passageiros, se assemelhavam a arranques de motos.
Um despacho da agência noticiosa portuguesa Lusa, desta quarta-feira, assinala que a Air Macau reconheceu que o avião regressara na terça-feira à capital tailandesa devido a avaria e que já se encontra reparado.
O ‘NewsAvia’ entretanto apurou que o avião regressou na manhã desta quarta-feira, dia 22 de Abril, a Macau, onde pousou pelas 10h25 locais (04h25 UTC). No dia de hoje o mesmo avião já fez uma viagem de ida e volta entre Região Administrativa Especial de Macau e Hefei/Xinqiao, na República Popular da China, tendo pousado, no regresso, pelas 18h10 locais (12h10 UTC).

sexta-feira, 20 de março de 2015

Ryanair recusa embarque de criança que viajava para cirurgia urgente

Incidente ocorreu porque a família chegou «muito próximo» da hora de partida do voo. Criança ia ser submetida a um transplante

 

 A Ryanair recusou o embarque a uma criança doente que tinha de viajar com urgência para realizar uma operação de transplante de um rim. Tudo porque a criança, acompanhada da respetiva família, chegou tarde ao aeroporto e «muito próximo» da hora de partida do voo. 

O incidente ocorreu no sábado. A família, natural de Gran Canaria, nas ilhas Canárias, recebeu um telefonema do Hospital La Paz, em Madrid.  Foram informados de que tinha sido encontrado um dador de rim compatível com a criança e que a cirurgia tinha de ocorrer rapidamente. 

De imediato, a família foi para o aeroporto da ilha e comprou bilhetes para o primeiro voo disponível: o voo RYR2012, da Ryanair, que partia as 16:50. 

No entanto, e apesar de terem conseguido comprar os bilhetes, foram impedidos de embarcar no aparelho. E mesmo depois de um responsável superior da companhia aérea ter sido chamado para lidar com o assunto, a situação não foi resolvida. O avião acabou por partir sem a família. 

Um porta-voz da Ryanair já confirmou o incidente e, em declarações ao «Independent», afirmou que a transportadora de facto «não conseguiu acomodar a família».

«Infelizmente não conseguimos acomodar a família no voo porque estava muito próximo da hora de partida. Apesar disso, oferecemos total assistência à família.»

A companhia aérea recusou, porém, elaborar um comunicado a explicar que tipo de assistência foi fornecida, o quão tarde chegou a família e porque razão lhe foram vendidos os bilhetes se já não era possível efetuar o embarque. 

A família acabou por viajar na Air Europa, num voo que partiu mais de uma hora depois. 

No hospital de La Paz, o incidente terá causado «horas de angústia». A equipa média temia que o órgão não estivesse em condições de ser transplantado, dado o atraso. 

A Ryanair recusa regularmente o transporte de passageiros que cheguem à porta de embarque depois do tempo previsto para o efeito. 

No site da companhia área, lê-se que a porta de embarque fecha 20 minutos antes da partida e que, se este período de tempo não for respeitado, os clientes têm de comprar bilhetes para outros voos.

Voo retorna a aeroporto por cheiro “insuportável de cocô”

Um porta-voz da empresa afirmou que a decisão feita pelo capitão foi baseada em questões de saúde e segurança

 

 

 Um Avião da British Airlines que estava voando a Dubai foi forçado a retornar ao aeroporto Heathrow por causa de um fedor insuportável de cocô deixado no banheiro. Segundo o The Mirror, o voo nesta quinta-feira à noite já durava mais de 30 minutos quando o capitão anunciou o problema.

 

 

 Foto: The Mirror / Reprodução
A tripulação informou aos passageiros que havia acontecido um problema com um excremento fecal líquido em um dos banheiros
Foto: The Mirror / Reprodução
Um dos passageiros afirmou que o avião já sobrevoava a Bélgica quando o capitão anunciou que teria de retornar a Londres, já que a tripulação não conseguiu resolver o problema. Ainda segundo os clientes da companhia aérea, um cheiro muito forte estava vindo de um dos banheiros e que, então, a equipe informou que havia acontecido um problema com um “excremento fecal líquido”.
Um porta-voz da empresa afirmou que a decisão feita pelo capitão foi baseada em questões de saúde e segurança. A companhia British Airways pagou hotel para os passageiros, já que o próximo voo aconteceu 15 horas depois do incidente.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Escorpião a bordo de avião pica mulher

Passageira recusou ir para o hospital depois de ser picada na mão

Por: Redação / AM    |   16 de Fevereiro às 11:37
Uma mulher foi picada na mão por um escorpião quando estava a bordo do avião da Alasca Airlines que fazia a ligação de Los Angeles para Portland, nos EUA.

Depois de ser picada, a mulher saiu do aparelho para receber assistência médica, mas recusou ir para o hospital.

«A mulher foi uma verdadeira campeã. Agiu como se fosse uma picada de mosquito. Tiraram o veneno, mas o ferrão estava preso», contou o treinador da equipa de basquetebol da Universidade de Oregon, que viajava no mesmo voo, ao The Guardian..

Enquanto a mulher era assistida, a tripulação conseguiu matar o animal e garantir que mais nenhum escorpião estava dentro do avião. No entanto, a passageira acabou por não embarcar no mesmo avião.

Desconhece-se como o escorpião terá entrado no avião que provinha de Los Cabos, no México.

A FALSA FALÊNCIA DA PANAIR DO BRASIL

 “Caso Panair” completa 50 anos, ainda sem desfecho judicial

Gigante do setor aéreo foi fechada de forma polêmica no governo do marechal Castello Branco e até hoje busca uma reparação

Por Daniel Leb Sasaki*
Um dos casos mais polêmicos do direito empresarial brasileiro completa essa semana 50 anos, ainda sem solução em vista. É o do fechamento da Panair do Brasilcompanhia aérea que dominou o setor de aviação nacional entre as décadas de 1940 e 1960 e teve a licença de operar retirada pelo regime militar sem aviso prévio, sendo, em seguida, liquidada judicialmente. “Fomos o caso mais emblemático de pessoa jurídica perseguida pela ditadura. Eles não apenas fecharam a Panair de forma arbitrária e violenta, atingindo em cheio milhares de famílias, como fabricaram dados para incriminar seus acionistas e diretores, em atos de perseguição continuada que duraram anos”, destaca o carioca Rodolfo da Rocha Miranda, filho de Celso da Rocha Miranda, que dividia o controle acionário da companhia com o paulista Mario Wallace Simonsen.
À época, a Panair era a mais importante companhia aérea do país, concessionária exclusiva das rotas para a Europa, África e Oriente Médio, além de operar em vários países da América do Sul e em todo o Brasil, executando um serviço único de integração em 43 localidades da Amazônia. No dia 10 de fevereiro de 1965, sem que antes fosse instaurado um processo administrativo regular, todas as suas concessões de linhas aéreas foram suspensas, por meio de um curto despacho assinado pelo Presidente da República, o marechal Castello Branco, e pelo ministro da Aeronáutica, brigadeiro Eduardo Gomes.
“A notícia foi transmitida pelo rádio e pegou todo mundo completamente de surpresa. A opinião pública ficou perplexa”, lembra Luiz Paulo Sampaio, filho de Paulo Sampaio, que durante 16 anos presidiu a empresa. “A Panair era o cartão de visitas do Brasil lá fora e um orgulho nacional por sua eficiência e alto padrão de atendimento. Não havia a menor expectativa de que algo como aquilo pudesse acontecer”.
Ao retirar as linhas, os militares alegaram apenas que a situação financeira da companhia era irrecuperável, o que possivelmente poderia produzir reflexos futuros na segurança de voo. Os fatos, no entanto, sinalizavam o contrário. O Aviso Ministerial nº 28, emitido um ano antes pela então Diretoria de Aeronáutica Civil (DAC), órgão regulador da aviação, atestara que a Panair tinha organização boa e pessoal técnico e serviços de manutenção adequados. Além disso, um relatório da firma Ecotec publicado dias antes da intervenção apontara que, dentre todas as aéreas brasileiras, a empresa era a que tinha as melhores chances de se recuperar da crise que assolava todo o setor, provocada, principalmente, pela forte desvalorização do câmbio e a alta inflação.
Os autores do estudo destacavam que não apenas a companhia pontificava como líder absoluta no segmento de voos internacionais, fonte de receitas em dólar, como possuía uma estrutura de manutenção, segurança e proteção ao voo inigualável. Ela era dona da Celma, a maior e mais avançada oficina de reparos de motores de aviões do Hemisfério Sul (em Petrópolis, hoje da GE), que prestava serviço a congêneres nacionais, estrangeiras e da própria FAB, e controlava a mais extensa rede de estações meteorológicas e de telecomunicações aeronáuticas do continente, que atendia toda aeronave civil ou militar, de qualquer nacionalidade, que cruzasse o Atlântico Sul.
“No dia da cassação das linhas, a Celma e o Departamento de Comunicações foram ocupados por tropas armadas e forçados a permanecer no ar, porque se os serviços fossem interrompidos toda a aviação comercial pararia na América do Sul”, recorda Sampaio. Com os voos paralisados, a Panair pediu concordata da 6ª Vara Cível do Rio de Janeiro para tentar preservar intacto seu patrimônio, enquanto lutava para reaver as linhas subitamente cassadas. Porém, apenas cinco dias depois da investida militar, o juiz da 6ª Vara indeferiu o pedido, convertendo-o em falência. “Nunca houve justificativa aceitável para a decisão”, garante Rocha Miranda. “Nenhum credor protestou títulos da companhia. Todos os nossos funcionários recebiam em dia e o patrimônio superava as dívidas. Mas o juiz recebeu a visita pessoal do brigadeiro Eduardo Gomes e despachou dizendo que sem as linhas iríamos falir de qualquer jeito”.
O maior débito da empresa correspondia a um financiamento especial pela Carteira de Câmbio do Banco do Brasil, autorizado pelo governo e contratado por todas as aéreas brasileiras para reequipamento das frotas. Mas, do saldo de 23,9 bilhões de cruzeiros (moeda da época) das quatro maiores, apenas 4,4 bilhões eram encargo da Panair, conforme confirmaria o próprio banco ao se habilitar no processo de falência.
Algumas passagens dessa história são tão inusitadas, que mais parecem cenas de um thriller de cinema. “No dia 10 de fevereiro, poucas horas depois que o governo cassou as linhas, a Varig já tinha um avião pronto no pátio do Galeão para fazer o nosso voo que sairia para a Europa naquela noite”, lembra Helio Ruben de Castro Pinto, piloto da aérea fechada. “Com certeza, eles souberam com antecedência que o governo nos liquidaria e tiveram tempo para treinar seus tripulantes. Ninguém põe um jato do Rio para Paris de uma hora para outra”. Na época, a Varig ainda engatinhava no mercado de longo percurso, com linhas apenas para os Estados Unidos. As rotas domésticas foram entregues à Cruzeiro do Sul, que seria comprada pela aérea gaúcha em 1975.
“Os cinco mil funcionários ficaram desempregados do dia para a noite e sem meios de sustentar as famílias. A situação se alongou por meses e vários colegas se desesperaram e acabaram se suicidando. Uma tragédia”, lamenta o aeronauta.
Caso único no fórum
Aberto o processo de falência, começou a longa batalha judicial que já dura cinco décadas. Rocha Miranda afirma que, apesar de atravessar um período de déficit — como todas as congêneres —, a Panair estava em melhor condição econômica do que a Varig e sempre apresentou sólida situação patrimonial e caixa robusto, operando de acordo com as melhores práticas da aviação. Porém, acrescenta, as autoridades militares e seus assessores civis não hesitaram em falsificar documentos para subsidiar novos ataques. Vários incidentes do tipo foram comprovados no Judiciário.
Um laudo contábil com informações sobre os contratos de seguros das aeronaves, que passaram a ser questionados pela Aeronáutica, foi interceptado no caminho para Brasília e teve seu conteúdo todo adulterado, para deixar delicada a imagem dos acionistas. Mais tarde julgado inidôneo, o documento foi rejeitado pela Justiça, que determinou novas perícias. De porte de uma segunda versão aprovada por todas as partes, o curador de massas falidas que estudou o processo concluiu serem “absolutamente normais e regulares todas as operações de seguros” e pediu o arquivamento do inquérito contra os diretores, acusados de crimes falimentares.
Pressionado, o juiz determinou a remoção do parecer, declarando que “a promoção de fls. 2062 foi desentranhada dos autos por ordem de autoridade superior”. Em seguida, afastou o curador e manteve os executivos na posição de réus. “Vários juristas foram intimidados e silenciados. A partir dali, a União foi para cima do patrimônio”, conta Rocha Miranda. “Nomearam o Banco do Brasil síndico da falência e seu representante dilapidou totalmente o acervo material da companhia, principalmente no exterior. Suas contas nunca foram aprovadas. Os aviões, hangares e lojas passaram para a Varig e a Cruzeiro a preços simbólicos, por pressão. Depois, com dois decretos, a União expropriou a Celma e a estrutura de comunicações”.
Os autos, que compõem o maior processo no fórum carioca, revelam que, mesmo destituída de seus bens, a Panair sempre teve condições de quitar todas as dívidas, à vista. Em 1969, a empresa tentou encerrar a falência impetrando um pedido de concordata suspensiva, porém foi impedida pela promulgação em tempo recorde e com efeito retroativo de outros dois decretos-leis, baseados no Ato Institucional nº 5: 469 e 669, que retiraram das aéreas o direito de retomar as atividades após processos de falência e de pedir concordata (a legislação foi aplicada uma única vez na história, no caso da Panair).
“O pedido de concordata suspensiva era irrecusável, pois a Panair tinha dinheiro de sobra para levantar a falência. Mas no dia da audiência que decidiria sobre o assunto, a União voltou ao processo, reduzindo o valor do que desapropriou, e providenciou uma nova dívida, absurda, com dólares convertidos. Nesse meio-tempo, o governo baixou o decreto-lei nº 669”, conta Sampaio. “Foi uma barbaridade jurídica”.
Reabilitação
Durante 15 anos, a Panair e a União brigaram nos tribunais sobre a dívida reinscrita. Em dezembro de 1984, o Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa à companhia, confirmando que o Estado tentava cobrar obrigação já extinta. Contudo, a falência só pode ser levantada sem interferências em 1995. Apesar de parada durante 30 anos, ao encerrar o processo a empresa ainda dispunha de cerca de US$ 10 milhões em caixa. A proibição de operar perdura até hoje. A Comissão Nacional da Verdade (CNV), instituída em 2012 para apurar as violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988, acolheu o caso e realizou uma audiência pública em 23 de março de 2013 para reunir informações. Em 10 de dezembro do ano passado, seus integrantes confirmaram no relatório final que a companhia foi liquidada por motivos políticos e não financeiros, e que esse processo contou com a participação de agentes da União e instituições como o SNI (Serviço Nacional de Informações),beneficiando concorrentes.
Foi a primeira vez que o Estado brasileiro admitiu ― pública, ainda que indiretamente ― responsabilidade sobre a debacle. Isso pode abrir as portas para que a Panair consiga vitórias na Justiça. Desde que ressuscitou como pessoa jurídica, a empresa propôs uma série de ações judiciais contra a União, referentes, principalmente, às desapropriações e à ocupação irregular do seu patrimônio. Vários aeroportos nacionais, como os de Belém, Fortaleza, Natal, Recife e Salvador, foram construídos em terrenos de propriedade da companhia, sendo que em alguns casos a titularidade nunca foi definitivamente passada para o Estado. Os pleitos, no entanto, têm esbarrado em interpretações técnicas divergentes. Parte dos juristas entende que prescreveu o direito de a empresa pedir indenizações. Rocha Miranda apoia-se em outra vertente.
“A União não pode adquirir propriedade por usucapião. A indenização é prevista em lei”, justifica. “É ilusão achar que poderíamos ter pleiteado qualquer coisa antes do levantamento da falência. Fomos vítimas de uma perseguição sistemática que durou 30 anos. Mas, acima de tudo, meu interesse é receber um pedido de desculpas oficial da União, uma reparação moral. Apesar da reabilitação no Judiciário, até hoje há quem associe os nomes de Celso da Rocha Miranda, Mario Wallace Simonsen e Paulo de Oliveira Sampaio ao lamaçal das acusações falsas. Essa é a injustiça que pode ser reparada”. Marylou Simonsen, filha de Mario Simonsen, concorda. “Tudo o que desejo e espero é que a verdade dos fatos seja restabelecida e conhecida”.
Por que fecharam a Panair
Até hoje, os reais motivos que levaram o regime militar a liquidar a Panair do Brasil dividem opiniões. Paulo Sampaio, o presidente da empresa, registrou para si, em seus diários pessoais, que a agressividade da Varig no esforço de conquista do mercado europeu já durava dez anos e, em 1965, motivava-se menos por cobiça e mais por sobrevivência. O lobby da empresa, segundo ele, atravessara cinco mandatos presidenciais.
“O tráfego Brasil-Europa é constituído em 70% por passageiros brasileiros natos ou naturalizados e de estrangeiros aqui residentes. A revisão dos acordos aéreos com os países do Velho Continente se orientava no sentido de sua reformulação em bases que permitissem, ou melhor, que reservassem, à transportadora nacional ― a Panair ― 50% desse tráfego. Assim, estariam resguardados e protegidos os legítimos interesses da economia cambial brasileira e a transportadora nacional ― a Panair ― obteria um acréscimo de receita da ordem de 20%, sem o menor dispêndio, pois, mantido o mesmo número de frequências semanais, obter-se-ia um melhor e mais justo aproveitamento das aeronaves. O tráfego Brasil-Estados Unidos, por sua vez, apresenta situação inversa. Mais de 60% dos passageiros são de outra nacionalidade, não restando, consequentemente, qualquer perspectiva para a operadora Varig, face à desfavorável posição estatística. Em suma, a Panair tinha pela frente uma larga avenida. A Varig se encontrava em um beco”.
De fato, Erik de Carvalho, o sucessor de Ruben Berta na presidência da aérea gaúcha, chegou a admitir à revista estrangeira Air Travel que sua companhia, mergulhada no déficit desde 1960 ― agravado pela aquisição do Consórcio REAL-Aerovias-Nacional no ano seguinte ―, só conseguiu voltar ao lucro em 1966, depois que passou a operar as linhas europeias. Em seu livro “Na periferia da história”, de 1998, o banqueiro José Oscar de Mello Flores ― que atuou no IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais) ao lado de José Bento Ribeiro Dantas, presidente da Cruzeiro ― afirmou que o brigadeiro Eduardo Gomes foi ludibriado pelos rivais de Simonsen e Rocha Miranda.
“A Panair do Brasil foi tomada por brigadeiros que não eram esclarecidos, porque não havia razão para isso. O maior acionista, Celso da Rocha Miranda, era ligado ao Juscelino, e por isso eles fizeram a intervenção na Panair. Agora, entregaram as linhas internacionais, que era o que interessava, à Varig, ao Rubem Berta (...) E o Bento Ribeiro Dantas, que trabalhou na Revolução desde o início, ficou com as linhas nacionais. O brigadeiro Eduardo Gomes, ministro da Aeronáutica do Castelo, foi inteiramente embrulhado”, escreveu.
Se o empresário carioca foi punido por causa da amizade que nutria com o ex-Presidente da República, Mario Wallace Simonsen teria sido alvo de um complô comercial de dimensões ainda maiores, intercontinentais. O falecido jurista Saulo Ramos escreveu em “Código da Vida”, de 2007, que a guerra contra o empresário foi aberta devido à capacidade de sua exportadora de café Comal e da subsidiária Wasim de concorrer lá fora com as empresas norte-americanas, que, até então, dominavam o mercado de comercialização de grãos.
“A Wasim passou a vender café agressivamente na Alemanha, no Leste Europeu, Itália e — ato suicida — em Nova York, no mercado green coffee, com alguma iniciativa para ingressar no mercado de café torrado e moído. Crime explícito, porque afinal um país mais ou menos colônia não podia desejar mais do que vender matéria-prima em seu próprio território”.
A tese é sustentada pelo jornalista e empresário Ricardo Amaral em seu “Ricardo Amaral apresenta Vaudeville – Memórias”, de 2010. “A exportadora Comal era poderosa, a maior nacional. No exterior, a Wasim tinha uma participação enorme na distribuição das exportações de café brasileiro. Esse quase monopólio incomodava os concorrentes internacionais dos Simonsen, principalmente os norte-americanos, cujos interesses eram representados no Brasil por políticos influentes, ligados aos militares que haviam tomado o poder, inclusive o então empresário e deputado federal Herbert Levy”.
Em 1963, ano em que Simonsen comprou uma rede de varejo alemã para vender café ao cliente final, Levy passou a acusá-lo de realizar operações ilícitas e lesar o Brasil em US$ 23 milhões. O deputado transformou o assunto em denúncia no Ministério Público e conseguiu aprovar na Câmara a constituição de uma CPI, cujo efeito imediato foi a destruição da credibilidade do empresário no mercado.
Laudo do Instituto de Polícia Técnica de São Paulo comprovou que cópias falsificadas de documentos tinham sido usadas para subsidiar as denúncias. Mas, apesar de as evidências apresentadas pela defesa comprovarem a inépcia das acusações — em 1º de dezembro de 1965, o Supremo Tribunal Federal trancou os processos criminais por falta de mérito —, o grupo Simonsen teve todos os seus créditos cortados no exterior. A Comal e a Wasim foram proibidas de funcionar em maio de 1964 e, um mês depois do fechamento da Panair, a 22ª Vara Criminal do Rio decretou o sequestro de todos os bens do empresário, cujo conglomerado possuía cerca de 40 companhias com atividades em 53 países.
“O fechamento da Panair fez parte do plano maior de desmontar o poder econômico do grupo Rocha Miranda-Simonsen. Os inimigos aproveitaram o momento político de resolveram atacar em todas as frentes”, resume Luiz Paulo Sampaio. “Hoje, o complô é outro: o do silêncio”.
* Daniel Leb Sasaki é jornalista e escritor, autor do livro "Pouso Forçado"
Estudante de Direito
Mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi. Especialista em Gestão Empresarial. Graduanda em Direito. Atuante no setor de aviação.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Imagens mostram passageiros em voo da Gol sofrendo com calor no Rio

Passageiros impediram a decolagem devido ao calor dentro da aeronave.
Gol disse que teve defeito em equipamento e deu assistência a passageiros.

Passageiros de um voo da Gol, entre Rio e São Paulo, abriram as portas de emergência depois de passarem mais de uma hora dentro da aeronave, que estava sem ar-condicionado. Por causa do calor, eles impediram a decolagem. Um vídeo exibido pelo Bom Dia Rio nesta segunda-feira (19) mostrou o desespero dentro do avião.
As imagens mostram que a maioria se abana e muitos tentam abrir o sistema de ventilação. Assim foi o início do voo 2047 na manhã deste domingo (18), que teve sensação térmica de 45°C. “[Era] um bafo quente. Parecia que estava entrando numa sauna”, afirmou um passageiro.
Enquanto todos embarcavam, a temperatura ia aumentando, e o ar-condicionado não era ligado. “Todo mundo reclamando de calor, muitas pessoas realmente passando mal”, lembra a estudante Tamara Bandeira.
Os passageiros contaram que o comandante avisou pelo sistema de som que o ar-condicionado seria ligado assim que a aeronave começasse a taxiar para decolar. “A gente estava no avião já esperando há algum tempo, aí falaram 'ah, quando fechar a porta vai ficar ligar o ar-condicionado, vai ficar tudo bem'. Só que fechou a porta e parecia que ficou mais abafado lá dentro”, ressaltou Tamara.
Se eles sabiam que o avião estava já com problema, por que deixaram a gente passar mal?"
Telma Lopes, passageira do voo 2047
A situação dentro do avião ficou insustentável. “Todas as portas fechadas e já taxiando. Aí que o pessoal começou a gritar, começou o desespero. Uma senhora realmente desmaiou, outra foi levada lá pra frente, [estavam] jogando água no rosto dela”, disse um passageiro.
Os passageiros se recusaram a continuar a viagem. Como o comandante não tomou uma solução rápida, eles decidiram abrir as portas de emergência para que entrasse ar no avião. Apenas depois disso, eles conseguiram sair da aeronave. “Se eles sabiam que o avião estava já com problema, por que deixaram a gente passar mal?”, criticou a gerente de vendas Telma Lopes.
Gol disse que houve um defeito no APU, unidade auxiliar que fornece energia e é usada para manter o ar-condicionado e os sistemas elétricos da aeronave funcionando quando ela está no solo. Ainda de acordo com a companhia aérea, os passageiros do voo 2047 foram reacomodados em outra aeronave por causa do calor e chegaram ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, às 14h54. Segundo a empresa, foi oferecida a assistência necessária.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Companhia aérea ‘humilhou’ mãe de menina com paralisia cerebral

Está a ganhar força a campanha movida nas redes sociais por uma mãe norte-americana que exige a United Airlines apresente desculpas pelo comportamento de uma assistente de bordo.
A profissional proibiu que Elit Kirschenbaum transportasse ao colo a sua filha, Ivy, que sofre de paralisia cerebral, durante a descolagem de um voo que ligava Punta Cana a Nova Iorque.
Ivy, que tem três anos de idade mas “o peso de um bebé de um ano” e graves problemas de mobilidade, é incapaz de manter uma postura correcta quando sentada, argumentou Elit. A assistente de bordo, no entanto, obrigou esta mãe a sentar a criança no lugar à parte, colocando-lhe o cinto de segurança.
Segundo escreve Elit, a assistente discutiu durante mais de uma hora, atrasando a partida do voo, e apesar das restantes colegas defenderem a posição da mãe.
Agora, Elit exige um pedido de desculpas. Não uma viagem grátis, não uma indemnização, mas a assunção do erro por parte da United Airlines.
Para já, e apesar do apelo se ter tornado viral, a companhia ainda não reagiu.