domingo, 25 de maio de 2014

GAYS IMPULSIONAM ALUGUÉIS DE AVIÃO NO RECIFE

O público GLS adora ficar por cima. Nas viagens, nada melhor do que sobrevoar
a cidade visitada para conhecer melhor a geografia do lugar e tirar
fotos panorâmicas.
No Recife, uma empresa de táxi aéreo está descobrindo esse filão. Há casos
curiosos, como um casal de lésbicas que decidiu se reconciliar nas alturas. Os
meninos mais românticos também alugam avião como um programa da lua-de-mel
e preferem ver o pôr-do-sol a 500 metros do chão. Ai que fofo!
Destaques GLS testou o serviço na última segunda-feira (16/02). A empresa
de táxi aéreo NVO está tão animada com a procura pelos gays que, no mês
passado, resolveu aderir à campanha "Friendly", lançada no final de 2008 pelo
Recife Convention & Visitors Bureau. No escritório da NVO, há na parede uma
placa com as cores do arco-íris, usada por estabelecimentos que recebem bem
gays e lésbicas.
Os voos são feitos em um monomotor (Cessna 172) com quatro lugares (piloto e
três passageiros, dois na frente e dois atrás). A duração é de 30 minutos, e a
aeronave permite os melhores ângulos da capital pernambucana e da vizinha
Olinda, além do oceano.
Na partida, antes de o piloto receber autorização por rádio da torre de comando,
dá um friozinho na barriga, pois a aeronave pequena costuma balançar um pouco
mais. Mas, nos primeiros minutos do voo, a sensação dominante é de aventura,
adrenalina e encantamento com o relevo do Recife, com suas pontes, construções
históricas, mangues, além dos morros de Olinda.
O piloto Diego Pimentel, de 21 anos, é uma graça. Ele aprendeu a pilotar em São
Paulo e, com 17 anos, já operava aviões. Durante o voo, ele vai identificando
alguns lugares da paisagem e conversa com naturalidade e simpatia sincera.
Para ostentar a placa da campanha "Friendly", a NVO treinou Diego para tratar
bem o público GLS com vídeos sobre as conquistas do movimentohomossexual, anúncios publicitários voltados para o segmento e experiências
bem-sucedidas do turismo nesse nicho.
Os resultados são animadores. "Com o público GLS, vamos aumentar o nosso
total de voos. Atualmente, fazemos, em média, quatro voos por semana, mas vejo
potencial para elevar esse número para seis ou oito", diz, entusiasmada, Laís
Monteiro, coordenadora de vôo da NVO.
No período do Carnaval, quando Recife e Olinda bombam com o desfile de blocos
nas ruas, a empresa é mais procurada por fotógrafos profissionais. Para
economizar, eles preferem alugar o monomotor a um helicóptero. É mais
vantajoso embarcar em grupo de três passageiros: nesse caso, o passeio de 25
minutos custa R$ 150 por pessoa. Só o casal, sai mais caro (R$ 225 por pessoa).
Quem preferir ir sozinho, apenas acompanhado do piloto, paga R$ 450.
Por enquanto, eles ocupam uma pequena área com um hangar e possuem
apenas um avião, mas estão com planos de ampliar o local, melhorando o
atendimento. Não há ainda um lugar bem equipado para espera, como um sofá
para tomar um café ou folhear revistas.
Gays estrangeiros, como espanhóis, alemães, franceses e italianos, estão entre
os mais interessados nesse tipo de serviço. Com a campanha "Friendly", agências
e operadoras de turismo passaram a indicar a NVO e mais 12 estabelecimentos
(como hotéis e pousadas) adeptos da placa do arco-íris para seus clientes
interessados no roteiro GLS da cidade.
Mais empreendedores na cidade estão de olho nesse mercado e já buscam
informações para obter o selo da diversidade. Entre os interessados, está uma
empresa de aluguel de limusines, que descobriu a procura por esse tipo de
veículo por homossexuais. Há relatos de enrustidos que fretamesse carro luxuoso
para ida a points e festinhas, dificultando que sejam identificados pelo número da
placa. No céu ou na terra, ser gay para muitos ainda é uma grande aventura.

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